Os estudantes baianos vindos do interior vão se identificar com a paródia 13 Reasons Why Riachão. Inspirado na série original da Netflix, o também estudante Guilherme Mascarenhas, 20, fez um vídeo relatando o ‘drama’ de ser um aluno caipira na universidade. Natural de Riachão do Jacuípe, a 180 km da capital, Guilherme conta que assim que chegou na faculdade, vestindo uma camisa xadrez e um boné, foi logo detectado como sendo ‘da roça’. Essa e outras situações vivenciadas levaram o estudante a produzir o vídeo como um trabalho para uma disciplina do curso de Publicidade e Propaganda.
“O pessoal brinca comigo, mas não é nada pesado, nada que pegue como bullying”, adianta ele. A ideia do vídeo, inclusive, foi sugerida por uma colega. “Fui para casa pensando e pedi ajuda ao meu primo Kavin para gravar. Eu precisava de uma cena triste, chorando. A gente colocou cebola e música evangélica até eu chorar”, brinca ele.
As brincadeiras com sua origem são diversas. “O povo pergunta se em Riachão tem parabólica. Quando mando áudio no grupo do WhatsApp, eles dizem que está em código morse. Não é toda piada do interior que o povo entende”, conta. Um dia desses, no caminho para a faculdade, ele acabou se molhando na chuva. De imediato, um amigo largou: “Aí, Riachão, veio nadando, foi?”. Mas Gui desconta: “Agora tão tudo querendo ir para o São João lá, mas não vou levar nenhum”.
Só o fato de preferir o vocativo “tu”, ao invés de “você”, já faz os colegas caírem na graça. No começo, Guilherme até tentou mudar um pouco o sotaque para o pessoal não saber de cara que ele era do interior, mas não adiantou. “Tentei falar diferente, mas na primeira palavra que eu falava, pronto, o povo já sabia”. Os amigos acharam engraçado até o fato de garrafa de água para ele ser apenas vaso.
Empolgado e cursando o primeiro semestre, ele contou à sua mãe sobre suas desventuras no curso. “Eu falei para mainha que o povo me chamava de Riachão, até mesmo a ‘fessora’. Aí mainha fez: mas é óbvio que vão te chamar de Riachão, tu acabou de falar fessora”, se diverte.
Ainda segundo o estudante, o trabalho foi muito bem recebido e a professora até chamou a atenção da coordenadora da universidade para ver o vídeo. Elas mal sabem que o trabalho foi todo de última hora. “O vídeo era para entregar 10h. Pois, 6h da manhã eu ainda gravei duas cenas na faculdade. Voltei para casa para editar e cheguei 11h”, confessa.