Um estudo do Centro Brasileiro de Análise de Planejamento (Cebrap) avaliou possíveis impactos positivos da bicicleta no lugar de carros e ônibus. Seria possível uma redução de R$ 34 milhões nas despesas do Sistema Único de Saúde (SUS) com internações, por causa de diabetes ou doenças cardiovasculares. O estudo também estimou quanto a economia da cidade de São Paulo ganharia com esta opção mais rápida: R$ 870 milhões.
“Quanto mais rápido as pessoas se deslocam para o seu trabalho, maior é a produtividade, dentre do sistema”, diz Victor Callil, pesquisador do Cebrap. “A gente está falando em ‘viagens pedaláveis’, aquelas com até 8 quilômetros, feitas entre as 6h e as 20h e por pessoas com até 50 anos.”
É o caso de Alexandre Araújo trabalha numa construtora como assistente de finanças. Foi fazendo vários cálculos que ele resolveu adotar a bicicleta como meio de transporte, um ano atrás. O primeiro deles, do tempo de viagem: pedalando, ele faz o percurso de quase 15 quilômetros até a empresa em 35 minutos. De ônibus, Alexandre levava uma hora e meia. Somando ida e volta, eram três horas de viagem.
”Eu economizo 2 horas por dia, então é fundamental”, diz Alexandre. Ele também levou em conta a eliminação das despesas com transporte público e com a academia, que ele deixou de frequentar.
“Eu não dependo mais de ninguém, eu faço o meu horário, todo dia, com chuva, com sol, eu chego o mesmo horário no serviço e é o que me motiva mesmo.”
Qualidade do ar
Durante a greve dos caminhoneiros, enquanto o movimento em uma ciclovia como a da Avenida Feria Lima cresceu mais de 40%, aqualidade do ar melhorou 50%, segundo um levantamento do Instituto de Estudos Avançados da USP. E a Cetesb registrou qualidade boa em todas as estações medidoras da cidade.
O estudo do Cebrap faz uma projeção: se todas as tais viagens “pedaláveis” fossem mesmo pedaladas, eliminando muitos carros e ônibus, a emissão de dióxido de carbono poderia ser reduzida em 18%.
“Só eles pedalando o que eles pedalam hoje em dia, eles já tão contribuindo com 3% a menos de CO2 dos transportes de pessoas na cidade”, afirma Callil.
Segundo o estudo do Cebrap, 75% dos ciclistas da cidade de São Paulo passaram a utilizar a bicicleta como meio de transporte há mais de três anos.