No tabuleiro político de Conceição do Coité, o prefeito Marcelo Passos de Araújo (União Brasil) executou um movimento de mestre, nesta sexta-feira, 16 de fevereiro, ao vetar o projeto que aumentaria os subsídios dos vereadores para R$ 13.850,00 a partir de janeiro de 2025. Com um golpe que reverberou como um “tapa na cara” dos políticos locais, o prefeito não apenas colocou no bolso a silenciosa bancada do PT, incluindo figuras como Betão agora alinhado ao grupo do deputado Alex, mas também as bancadas do PSD e do PCdoB, que pelo menos parte dos vereadores desses partidos também é de oposição, e todos os vereadores de sua base. O chefe do Executivo municipal aplicou um “freio de arrumação”, expressão que no sertão traduz uma assertiva tomada de controle.
A estratégia de Marcelo, frequentemente visto como um prefeito “ausente” ou adepto do “Zap-Zap”, surgiu como uma jogada que parece seduzir tanto seu eleitorado quanto uma parcela sensata da população que se opõe ao reajuste considerado abusivo. Ao “jogar para a torcida”, o prefeito talvez tenha calculado um ganho de popularidade e reafirmou sua autoridade, mandando um recado claro: é ele quem “manda no pedaço”. Contudo, essa ação também revelou uma vulnerabilidade em ano eleitoral, indicando que ele atua de maneira independente, num contexto onde a vitória eleitoral muitas vezes depende do trabalho em grupo.
O veto, respaldado pela Lei Orgânica do Município, que permite ao prefeito vetar projetos considerados inconstitucionais ou contrários ao interesse público, foi aplicado após a Câmara Municipal aprovar unanimemente o projeto. O prefeito argumentou que, apesar da legalidade e dos dispositivos constitucionais apresentados, não se convenceu da “urgência em tal reparação” nem se sentiu confortável com ela, citando a “falta de proporcionalidade em relação ao ganho atual dos servidores públicos deste município. Ele enfatizou que um gestor deve ter a coragem de, às vezes, enfrentar oposições.
A atitude do prefeito vai contra o interesse dos 15 vereadores e vereadoras. Ao apresentar “VETO TOTAL ao Projeto de Lei n.º 03 de 2024”, ele reafirmou o que ele chama de “compromisso com o interesse público”, em detrimento de um consenso político que parece ter ignorado as vozes daqueles que não ocupam as cadeiras do poder.
Nesse contexto de silêncios estratégicos, a questão que permanece é: os vereadores de Conceição do Coité terão a audácia necessária para derrubar o veto imposto pelo mandatário do executivo?
Após a pausa para as festividades do Carnaval, os legisladores se depararão com um dilema político. Eles retornarão mantendo o veto em nome de um aparente alinhamento com a austeridade fiscal, ou estarão rejeitando a decisão do prefeito e promulgando a lei com suas próprias mãos?
Caso o veto seja rejeitado, a lei entra em vigor e cada vereador terá um aumento de quase 6 mil reais. Mesmo nesse embate de poderes, Marcelo pode ainda sair vitorioso aos olhos da opinião pública, tendo jogado a responsabilidade do aumento para os próprios vereadores, que agora estão sob os holofotes da comunidade. A jogada final está nas mãos do legislativo municipal, e a próxima sessão promete ser palco de intensas negociações e, possivelmente, de uma reviravolta política.
Informações por Paulo Marcos
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