Nesse período do ano ou melhor, na Semana Santa, assim como no Natal, que se tem a tradição da ceia, alguns produtos, como, por exemplo, o pescado, ficam mais caros. Na Bahia, entre os itens típicos atingidos pelas variações de preços estão o azeite de dendê, o pescado, o quiabo.
O quilo do bacalhau está, em média, R$ 107,43, o do filé de peixe, R$ 48,77, 250 gramas de ovo de Páscoa sai por R$ 50,20, a caixa de bombom de 300 gramas está sendo vendida por, no mínimo, R$ 12,69 e o saco de quiabo está sendo vendido por R$ 350,00.
“A variação de valores, nessa época do ano, depende da lei da oferta e demanda. Se você tem boas ofertas durante aquele período, o preço se mantém estável ou ele tem uma redução, mas se você tem uma falta, você tem uma procura maior e, aí, a tendência do produtor que tem pouco produto é mudar o preço”, explica Edval Landulfo, economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia / Corecon-Ba.
Segundo o especialista, é por esse motivo que a pesquisa é fundamental para se poder escolher e comprar antes da famosa semana que antecede a data. “O mercado funciona através desse comportamento orquestrado por parte do produtor e do consumidor. O que precisa ser frisado é o fato de que de um produtor para outro ou de um estabelecimento para outro você pode ter uma variação de preço de 15% a 35% ou 40% em um determinado produto. Então, o ideal é pesquisar com antecedência ou com bastante calma para que não saia uma semana salgada. De salgada já baixa o bacalhau”, salienta Edval.
Segundo o presidente do Corecon/ Ba., a resposta dos impactos climáticos e sociais sobre a produção demoram a engrenar, mas chegam e repercutem nas precificações dos alimentos, principalmente em datas comemorativas.
“Com todos os impactos que nós tivemos devido ao início e término da pandemia, ao mundo pós pandemia, houve uma necessidade de produtos in natura e as commodities tiveram um preço bem elevado no mercado internacional…, sem falar da desvalorização do real frente ao dólar, a questão também do clima, com a seca ou a chuva em abundância, que acabam atrapalhando o plantio, da guerra da Ucrânia com a Rússia – que ainda perdura, mas que teve um impacto imediato nos anos anteriores em relação à produção de grãos, produção de fertilizantes, tanto que 2022 para 2023”, detalha o economista.
É indiscutível que o consumidor já vem sofrendo com esses sucessivos aumentos, a chamada inflação dos alimentos. Então, esse período do verão é pesado porque há interferência do El Niño, que dificulta a manutenção dessa produção. Dessa forma, segundo Edval salienta, as pessoas tendem a levar o que vai ser confortável para o bolso.
“As alternativas, por exemplo, vão depender muito da criatividade na cozinha. O bom baiano ou boa baiana não dispensam um pescado. Então, ano passado, o bacalhau importado teve um preço bem salgado. As pessoas preferiram um peixe de água doce, um peixe de água salgada. Então, você vai ter cabeçudo, você vai ter corvina, você vai ter a própria pescada amarela. Tem gente que já opta pelo vermelho. Ao invés de comprar bacalhau para fazer um almoço com esse tipo de pescada, as pessoas preferem fazer um assado. Com relação ao azeite de dendê, é possível trocar pelo leite de coco. Há uma criatividade”, analisa.
A dona de casa Maria da Conceição afirma que todo ano os preços disparam, independente de pandemia, clima ou guerras mundiais. “Fazemos malabarismos aqui em acsa, cada vez mais, para manter a tradição das ceias. Os produtos aumentam amis de 100% nessa datas festicas. É um absurdo. Não há criatividade que dê conta, as alternativas estão acabando e um dia desses a tradição não poderá mais ser mantida diante de tamanha inflação. Não há bolso que aguente”, desabafa indignada.
A artista plástica Neusa Alencar diz que este ano não haverá ceia tradicional com comidas típicas. “Fizemos um acordo em família. Os gastos estão muito altos e meu orçamento é apertadíssimo. Será comida do dia a dia, não dá pra gastar mais do que já gasto normalmente. A visa está muito cara, vamos sobrevivendo”, confessa.
Fonte: Bnews
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