O Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) marcou uma reunião com o Ministério Público estadual (MPBA) para apresentar os critérios, números e argumentos para solicitar a inclusão dos profissionais da comunicação no plano de vacinação contra o novo coronavírus.
Em entrevista ao bahia.ba, o presidente do Sinjorba, Moacy Neves, informou que o encontro acontecerá na quinta-feira (20), às 11h30. Ele ponderou, contudo, que o sindicato não é parte na ação, mas tomou a iniciativa para acelerar as discussões e evitar a retirada dos profissionais do plano.
De acordo com ele, o pedido feito para a inclusão da categoria levou em consideração o alto índice de adoecimento e morte de jornalistas, principalmente nos primeiros quatro meses de 2021. “É uma realidade concreta, a categoria está morrendo. Nós temos estudos e vamos apresentar”, pontuou.
Neves relatou que durante todo o ano de 2020 foram registradas 86 mortes desses profissionais na Bahia em virtude da Covid-19, o que representa cerca de 8,9 mortes por mês. Contudo, entre janeiro e abril deste ano, 108 trabalhadores morreram por causa da doença, cerca de 27 óbitos por mês.
O presidente também citou um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com os dados coletados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) em todo o Brasil. A pesquisa mostrou que o setor da comunicação e informação (que inclui jornalistas, radialistas, fotógrafos e cinegrafistas) foi o terceiro segmento com mais mortes, ficando atrás apenas dos médicos e funcionários do setor de eletricidade e gás.
Entre janeiro e março de 2020, foram contabilizados 194 registros de desligamento por morte de profissionais da comunicação. Já nos mesmos meses deste ano, o número saltou para 435. Quando se considerado todo o ano passado, foram 259 óbitos. Neves destacou que o crescimento no número de mortes no país no primeiro trimestre de 2021 foi de 124,2%.
“Só temos uma explicação para esse fato, que é a pandemia do coronavírus. Cruzando os dados a gente tem a dimensão da tragédia que está acontecendo com a categoria”, pontuou, completando ainda que durante a primeira onda da Covid-19, boa parte dos profissionais estava trabalhando em casa, no entanto, na segunda onda a maioria dos trabalhadores já havia voltado para as redações e para cobrir pautas de rua.
Um exemplo, acrescenta Neves, foram os registros de surtos da doença em três veículos de comunicação de Salvador neste ano.
Vacinação
Na terça-feira (18), a Comissão Intergestores Bipartite (CIB) decidiu incluir os profissionais da comunicação com idade igual ou superior a 40 anos na vacinação contra o coronavírus. A previsão é que a resolução seja publicada no Diário Oficial do Estado na quinta (20).
Contudo, nesta quarta (19), os Ministérios Públicos Federal (MPF) e do Estado da Bahia (MPBA) questionaram a inclusão de jornalistas, radialistas, blogueiros, cinegrafistas e apresentadores na lista de prioridade da vacinação.
Em recomendações, os órgãos pediram que a Secretaria estadual de Saúde (Sesab) “atenha-se ao Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação (PNO)”, e ainda apresente os critérios-científicos que embasam a decisão de qualquer antecipação da imunização de grupos prioritários.
Conforme os ministérios, a intenção é que a vacinação dos grupos siga as prioridades definidas pelo plano, garantindo a vacinação integral de cada grupo antes da extensão a novos públicos, principalmente àqueles que não têm prioridade prevista no PNO.
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