Programa que visa explorar potencial do Sisal para produção de etanol, biogás e outros produtos será lançado em Conceição do Coité

Você já imaginou degustar uma tequila produzida no sertão baiano a partir do sisal? Ou um mel de qualidade extraído da mesma planta? Ou ainda extratos usados para fins medicinais?

Nada de sonho. O sisal é o agave sisalana, planta mexicana da província de Yucatán, muito bem adaptada no sertão baiano, na região de Serrinha. Hoje, só se usa a fibra, o que é apenas 5% das potencialidades dela.

O começo da virada no tempo já tem data. É o dia 13 próximo, em Conceição do Coité, quando a Shell Brasil e o Senai Cimatec lançam o programa Brave (Brazilian Agave Development), ou Cimatec do Sertão, que vai entrar pesado no setor.

Vão estar presentes Ricardo Alban, presidente da Fieb, ao lado do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e provavelmente de Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente da República e ministro da Indústria e Comércio.

Esse projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), com investimento da Shell, também busca explorar o potencial da agave como fonte de biomassa para a produção de etanol e biogás. Inicialmente, serão investidos R$ 30 milhões para financiar pesquisas biológicas, agrárias e industriais envolvendo a espécie.

A nova etapa do Brave prevê duas frentes de atuação: os projetos Brave-Mec e Brave-Ind. O Brave-Mec tem como foco o desenvolvimento de soluções de mecanização para o plantio e colheita da agave, além de desenvolver um campo experimental de testes, visando promover o cultivo e manejo de diferentes espécies de agave, como, por exemplo, a agave sisalana, hoje utilizada para a produção de sisal, e a agave tequilana, usada para a fabricação de tequila.

Em paralelo, o projeto Brave-Ind vai desenvolver tecnologias de processamento da agave para produzir etanol de primeira e segunda geração – aquele obtido através das folhas e bagaço da planta – e outros produtos renováveis. O potencial energético de sua biomassa é comparável ao da cana-de-açúcar, com a vantagem de demandar 80% menos irrigação e uso de fertilizantes. As iniciativas somam-se ao Brave-Bio, projeto de pesquisa financiado pela Shell em parceria com a Unicamp, iniciado em novembro de 2022.

 

Em cinco anos, a cultura do agave rende, por hectare, a produção de 880 toneladas de biomassa, armazena 617 toneladas de água e captura 385 toneladas de carbono. Hoje, o Brasil é o maior produtor de fibra de sisal do mundo, com cerca de 80 mil toneladas por ano.

“Enquanto na Bahia apenas as folhas são utilizadas para a produção das fibras de sisal, no México só se usa a pinha para produção de tequila. Nossa estimativa é que, em um hectare de agave, seja possível produzir 7,4 mil litros de etanol de primeira e segunda gerações por ano. Com esses dados, pensamos na dinâmica de uma biorrefinaria ao propormos utilizar tudo o que o agave oferece, desde a pinha até as folhas”, detalha o coordenador do Laboratório de Genômica e bioEnergia (LGE) da Unicampo, Gonçalo Pereira.

Evento também terá lançamento do Senai Cimatec Sertão – O Programa Brave é uma das primeiras ações do Senai Cimatec Sertão, o novo campus do Senai Cimatec, que tem como objetivo o desenvolvimento de tecnologias para impulsionar o avanço social, econômico e ambiental do semiárido nordestino.

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